Mais de 260 mil toneladas de lixo são produzidos todos os dias no Brasil. Destes, não existe um número oficial divulgando o número exato reaproveitado no país. Em Ituporanga, uma ideia eficiente e viável pretende reverter este patamar e mudar a forma de como até então era feito o processamento do lixo produzido no município. A Empresa Inventus Ambiental é responsável pela implantação do projeto. “Mensalmente, Ituporanga produz 340 toneladas de lixo. O objetivo é reaproveitar 100% destes resíduos. Isso significa aterro “0”. Foi uma luta nossa e agora estamos prestes a ter o primeiro projeto piloto nesse sentido no país instalado aqui em nosso município”, diz o Prefeito Arno Zimmermann. A implantação está em fase de testes, mas a expectativa é de que ainda no mês de junho comece a operar definitivamente.
Quatro etapas são necessárias para o reaproveitamento. Para isso, foi projetado um conjunto de máquinas que se complementam. Primeiro o lixo é descarregado numa caçamba, depois uma esteira separa o lixo por volume. Na sequência, são abertas as sacolas. Na terceira etapa, um separador mecânico é responsável pela divisão de lixo reciclável e orgânico, destinando ambos, ou para as baias de compostagem, ou para o reaproveitamento do material. Posteriormente, com os materiais recicláveis separados, se inicia a produção dos blocos e pavers.
Todas as máquinas que farão parte do novo processo de separação e compactação dos produtos foram produzidas em Ituporanga. “Trabalhamos durante três anos e meio em cima do projeto para a montagem. Conseguimos criar o que nos foi pedido com muita responsabilidade e estamos satisfeitos com o resultado. Alguns ajustes foram necessários, mas as máquinas estão prontas para operar”, explica Wigand Hamm, responsável pela empresa “C Hamm”.
De acordo com a Gerente de Meio Ambiente da Inventus, Sônia Feijó, o centro de triagem do município, localizado no Cerro Negro, também passou por adequações para a implantação do projeto. “Foram feitas mudanças necessárias na estrutura e também priorizamos as condições sanitárias de trabalho. As pessoas que trabalham naquele local terão um refeitório adequado, receberão treinamento, tudo dentro das normas ambientais”, explica.
Produção dos blocos e pavers
Com a devida separação dos resíduos sólidos urbanos, serão produzidos pavers, blocos para pavimentação e construção de residências, muros de vedação e outras aplicações na construção civil. A produção destes se dá apenas pelo método de fricção, ou seja, sem a utilização de mão-de-obra especializada. São feitos pelo aquecimento dos resíduos, sem a utilização de energia. Sobre a qualidade do material, os idealizadores explicam que já foram realizados todos os testes necessários. “É um bloco resistente, devido à mistura dos componentes que são compactados. Terão a superfície lisa que atende a vários revestimentos. 70% do material que irá compor o bloco serão de resíduos leves, como plásticos, sacolas, tubo de pasta de dentes, absorventes e outros. Os outros 30% sairão do couro e da borracha, por exemplo”.
Com a inclusão do projeto, o Prefeito Arno acredita que outros municípios vão se espelhar em Ituporanga. “A expectativa é que até o fim do ano já estejam sendo produzidos os primeiros blocos com material reaproveitado. É um passo muito importante, tenho certeza que cidades da região e até do território nacional virão conhecer este modelo”, conclui.